terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Intervenção sobe Fermentação - Estufando Balão 

No mês de agosto de 2012, o projeto do PIBID trabalhou com o tema Respiração Celular e Fermentação, com a turma do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Felipe dos Santos - Inconfidentes. A intervenção didática consistiu em uma atividade experimental que  utilizou como materiais tubos de plástico com soluções contendo água, fermento biológico e sal ou açúcar. Os tubos foram vedados com bexigas de borracha para verificar a liberação de gases ou não pelas soluções. Foi distribuído aos alunos um questionário com questões relativas aos fenômenos que estavam observando nos tubos e suas relações com a fermentação biológica, assunto que já havia sido abordado em sala de aula. O objetivo da atividade era que os alunos, a partir de seus conhecimentos sobre fermentação biológica, elaborassem explicações para os fenômenos observados e suas relações com fenômenos como a produção de pães e de outros produtos derivados da fermentação.


Materiais Utilizados.



Na reflexão realizada pelo grupo sobre a intervenção dois aspectos chamaram a atenção:
  •  O envolvimento dos alunos com o componente prático da atividade;
  •  As dificuldades manifestadas pelos mesmos para responder às questões propostas. 
Com relação ao primeiro aspecto, percebeu-se o interesse dos alunos para  preparar as soluções em cada tubo plástico e para observar os efeitos sobre o enchimento ou não da bexiga de borracha. Esse é um indicativo de como os alunos, de modo geral, se mostram receptivos às atividades de ensino que se distanciem do modelo de exposição.






 No entanto, esse envolvimento não foi verificado na segunda etapa da atividade e a mais importante que era pensar sobre aquilo que estava sendo feito e relacioná-lo a um conjunto de conhecimentos sistematizados. Os alunos demonstraram  dificuldades e, alguns deles, até  mesmo desinteresse em responder às questões estabelecidas no roteiro.
 Esse comportamento dos alunos foi explicado durante a fase de reflexão dos bolsistas de diferentes maneiras:
  •  Uma primeira razão é a timidez, reforçada na cultura escolar que, normalmente, premia as respostas certas e pune as respostas erradas.
  •  Um segundo elemento foi a dificuldade dos alunos para representarem, na linguagem escrita, as suas ideias.
  •  E, em terceiro lugar, a pouca familiaridade que os alunos demonstram ter com as atividades nas quais são estimulados a pensar, provavelmente porque estejam habituados a práticas de ensino nas quais se espera deles apenas uma atitude de escuta atenta.

Com as reflexões realizadas durante as reuniões do grupo do PIBID, chegamos a conclusão que :


  • O desinteresse dos alunos é, muitas vezes, manifestação de suas dificuldades;
  •  E que as aulas práticas no ensino de Ciências, por si só, não são suficientes para garantir melhores níveis de aprendizagem.
Esse tipo de atividade instiga o aluno a ter um interesse maior, pois o tira de um ambiente rotineiro de sala de aula,  porém é necessário uma postura por parte dos alunos que não é demandada pela escola.

                                  Intervenção de bactérias 


 Nós bolsista do PIBID trabalhamos com os alunos do 2º ano de magistério da escola Francisco Ribeiro da Fonseca em um uma intervenção no qual o objetivo era  que os alunos vivenciassem a experiência a docência e refletissem sobre todo o plano pedagógico  que eles elaboraram e sobre a prática.
 Os alunos aplicaram a intervenção com crianças da creche municipal de Ouro fino que consistia trabalhar com o tema de bactérias por meio da conscientização da higiene bucal no qual os alunos desenvolveu em forma de teatro, aula expositiva juntamente com discussão, aula prática de escovação e com ilustração de filme ( Dr. Dentuço).




sábado, 26 de janeiro de 2013

Video encontro PIBID IF Sul de Minas em Inconfidentes


RESUMO MARANHÃO (MAIRA, TAMIRES, ELEUSA)


MUDANÇAS NA PERCEPÇÃO SOBRE A DOCÊNCIA EM LICENCIANDOS PARTICIPANTES DO PIBID.

Maíra Caroline Defendi de Oliveira (1)
 Tamires Camila Talamonte de Oliveira(1)
Eleuza Veronez(1)
Dra. Cristiane Cordeiro de Camargo (2)

(1)   Licenciandos/ bolsistas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais- Campus Inconfidentes, maira_defendi@hotmail.com, projeto financiado pela CAPES , linha temática formação de professores.

(2)   Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais- Campus Inconfidentes e coordenadora do PIBID –Ciências Biológicas, cristiane.camargo@ifs.ifsuldeminas.edu.br


RESUMO
O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência) oferece aos licenciando a experiência de vivenciar o ambiente escolar da rede pública de educação básica. No curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS, campus de Inconfidentes, o projeto tem como finalidade primordial promover a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, tomando a prática docente a partir dos conceitos de base de conhecimento para o ensino e ciclo do raciocínio pedagógico (SHULMAN, 1986; 1987) e adotando a reflexão como orientação conceitual (MIZUKAMI ET AL, 2002). Este trabalho apresenta a percepção sobre docência dos licenciandos do projeto, a partir de suas reflexões sobre a prática docente e o fazer escolar. Os dados foram coletados dos diários reflexivos dos licenciandos e das suas participações nas reuniões coletivas semanais, nos quais os bolsistas expõem os seus pontos de vista e aprendizados dentro do projeto. A análise permite verificar que muitos bolsistas chegaram ao projeto com uma visão ingênua da docência, não compreendendo o verdadeiro significado do fazer docente, no entanto, ao longo do projeto, os bolsistas têm mudado sua forma de pensar sobre a profissão docente. Uma das mudanças mais significativas é a percepção de que o ensino de determinado conteúdo requer não apenas a sua compreensão, mas também a sua problematização, reflexão sobre o mesmo e a criação de condições que motivem os alunos a aprender, já que esses nem sempre estão motivados. Outra aprendizagem que tem sido evidenciada pelos bolsistas é a compreensão de que a sua frustração, ao concluir que determinada experiência didática não foi bem sucedida, faz parte do processo de raciocínio pedagógica e tem de ser entendida como fonte de aprendizagem da docência.
Palavras-chave: PIBID, formação de professores, profissão docente.

ARTIGO MUZAMBINHO


O DESENVOLVIMENTO DA BASE DE CONHECIMENTO PARA O ENSINO EM LICENCIANDOS PARTICIPANTES DO PIBID.


Introdução

O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) é um programa da CAPES destinado a licenciandos e tem como objetivo promover a iniciação à docência. No curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS, campus Inconfidentes, o programa está voltado para o desenvolvimento da docência por meio de processos reflexivos, considerando a reflexão como orientação conceitual para a aprendizagem da docência (MIZUKAMI ET AL, 2002) e abordando a prática docente a partir dos conceitos de base de conhecimento para o ensino e ciclo do raciocínio pedagógico (SHULMAN, 1986; 1987). Assim sendo, o principal objetivo do programa é proporcionar aos bolsistas licenciandos oportunidades para a reflexão da prática docente no contexto das escolas e dos sistemas de ensino. A metodologia de trabalho adotada no programa é a de desenvolvimento coletivo (por toda a equipe)i de intervenções didáticas nas áreas de Ciências e Biologia junto às turmas de Ensino Fundamental e Médio sob a responsabilidade das professoras supervisoras. Fazem parte do desenvolvimento das intervenções todas as etapas descritas por Shulman para o ciclo de raciocínio pedagógico e que são: compreensão, representação, transformação, instrução, avaliação, reflexão, nova compreensão. Portanto, não se trata apenas de aplicar, nas escolas, atividades de ensino, mas, também, de concebê-las e refletir sobre seus resultados coletivamente. Esta metodologia tem permitido desenvolver nos licenciandos uma visão mais abrangente e crítica com relação ao ensino, ampliando a sua capacidade de analisar os eventos que ocorrem em sala de aula a partir do contexto mais amplo do qual fazem parte e que envolvem os aspectos como as expectativas dos alunos com relação à escola, a formação e a profissão docentes e as políticas educacionais. Este trabalho apresenta os resultados relativos
à intervenção didática desenvolvida pelo grupo sobre a temática “fermentação” junto a uma primeira série do Ensino Médio e evidencia o desenvolvimento de sua base de conhecimento para o ensino.

Desenvolvimento

A intervenção didática consistiu em uma atividade experimental que utilizou como materiais tubos de plástico com soluções contendo água, fermento biológico e sal ou açúcar. Os tubos foram vedados com bexigas de borracha para verificar a liberação de gases ou não pelas soluções. Foi distribuído aos alunos um questionário com questões relativas aos fenômenos que estavam observando nos tubos e suas relações com a fermentação biológica, assunto que já havia sido abordado em sala de aula. O objetivo da atividade era que os alunos, a partir de seus conhecimentos sobre fermentação biológica, elaborassem explicações para os fenômenos observados e suas relações com fenômenos como a produção de pães e de outros produtos derivados da fermentação.

Discussão

Na reflexão realizada pelo grupo sobre a intervenção dois aspectos chamaram a atenção: o envolvimento dos alunos com o componente prático da atividade e as dificuldades manifestadas pelos mesmos para responder às questões propostas. Com relação ao primeiro aspecto, percebeu-se o interesse dos alunos para preparar as soluções em cada tubo plástico e para observar os efeitos sobre o enchimento ou não da bexiga de borracha. Esse é um indicativo de como os alunos, de modo geral, se mostram receptivos às atividades de ensino que se distanciem do modelo de exposição. No entanto, esse envolvimento não foi verificado na segunda etapa da atividade e a mais importante que era pensar sobre aquilo que estava sendo feito e relacioná-lo a um conjunto de conhecimentos sistematizados. Os alunos demonstraram dificuldades e, alguns deles, até mesmo desinteresse, em responder às questões. Esse comportamento dos alunos foi explicado durante a fase de reflexão dos bolsistas de diferentes maneiras. Uma primeira razão é a timidez, reforçada na cultura escolar que, normalmente, premia as respostas certas e pune as respostas erradas. Um segundo elemento foi a dificuldade dos alunos para representarem, na linguagem escrita, as suas ideias. E, em terceiro lugar, a pouca familiaridade que os alunos demonstram ter com as atividades nas quais são estimulados a pensar, provavelmente porque estejam habituados a práticas de ensino nas quais se espera deles apenas uma atitude de escuta atenta. Estas reflexões permitiram à equipe esboçar um conjunto de ideias que, à luz do conceito de base de
conhecimento para o ensino, auxiliam na compreensão do desempenho dos alunos nesta atividade.

Conclusões

A análise realizada pelo grupo permitiu avançar para além do senso comum predominante no discurso daqueles que se iniciam na docência ou mesmo daqueles professores que nela se mantém sem a possibilidade de refletir sobre a sua prática. No início de sua participação no projeto, os bolsistas apresentavam uma tendência a culpabilizar os alunos por seu desinteresse e também os professores por não desenvolverem junto aos alunos atividades práticas no ensino de Ciências/Biologia. Nesta atividade, a análise empreendida pelo grupo evidenciou um desenvolvimento da sua base de conhecimento para o ensino no que diz respeito ao papel que as aulas práticas podem desempenhar e às explicações para o desinteresse dos alunos pelas atividades escolares. Tal análise foi capaz de perceber que o desinteresse dos alunos é, muitas vezes, manifestação de suas dificuldades e que as aulas práticas no ensino de Ciências, por si mesmas, não são suficientes para garantir melhores níveis de aprendizagem. Elas demandam uma postura dos alunos, como estudantes, que, normalmente, não é a demandada pela escola. Estes resultados apontam para as potencialidades que a metodologia de trabalho adotada apresenta para o desenvolvimento da base de conhecimento para o ensino e para o desenvolvimento da docência a partir de uma perspectiva crítica.

Agradecimentos

À CAPES pelo fornecimento de bolsas e auxílio financeiro.

Referências Bibliográficas

MIZUKAMI, M.G.N. et al. Escola e Aprendizgem da Docência: processos de investigação e formação. São Carlos: EDUFSCAR, 2002, 203p.
__________, M.G.N. Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L.S. Shulman. Revista do Centro de Educação: UFMS, n. 2, v. 29, 2004. Disponível em http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2004/02/a3.htm. Acessado em 10/05/2012.

RESUMO SÃO LUIS ( BETO, JULIANA, MILLER)


O QUE É IMPORTANTE ENSINAR SOBRE RESPIRAÇÃO CELULAR?

Carlos Humberto Bueno de Albuquerque (1)
Juliana Alves Tavares (1)
Miller Satorno (1)
Dra. Cristiane Cordeiro de Camargo (2)
(1)        Licenciandos/ bolsistas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais- Campus Inconfidentes, xeroxifs@hotmail.com, projeto financiado pela CAPES, Relato de Experiência.

(2)        Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais- Campus Inconfidentes e coordenadora do PIBID –Licenciatura em Ciências Biológicas.


RESUMO
Este trabalho apresenta as reflexões dos licenciandos participantes do PIBID sobre a seleção de conteúdos do tópico “Respiração Celular” para o nível médio da educação básica. O PIBID do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS tem como princípio norteador  a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, considerando a prática docente a partir dos conceitos de base de conhecimento para o ensino e de ciclo do raciocínio pedagógico (Shulman, 1986;1987). A partir destes conceitos são planejadas e discutidas todas as experiências didáticas que se dão no contexto do projeto. Uma delas esteve relacionada ao tópico respiração celular, que é um conteúdo de difícil compreensão  para os alunos por  envolver processos metabólicos que não se limitam apenas à  Biologia mas envolvem conceitos da Física e da Química, além de requerer um alto nível de abstração.  A experiência didática consistiu de duas aulas expositivo-dialogadas sobre o tema, partindo de uma atividade física que havia sido realizada pelos alunos. O objetivo principal da experiência era que os alunos compreendessem a respiração celular como um processo de transferência de energia semelhante a outros processos na natureza como, por exemplo, a combustão. Na reflexão realizada pelos licenciandos após a experiência, evidenciou-se a necessidade de pensar sobre a seleção de conteúdos dentro desta temática. Tal seleção, na descrição do ciclo de raciocínio pedagógico, corresponde à etapa da transformação e a conclusão dos licenciandos é a de que nesta etapa o professor deve, a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, do tempo disponível para trabalhar o tópico e dos recursos disponíveis, realizar uma seleção de conteúdo que privilegie os conceitos centrais e não a memorização de nomes de etapas metabólicas e de seus respectivos produtos. Nesse sentido, os bolsistas ressaltam como conceitos centrais: trabalho celular, energia, transformação de energia, oxidação e ATP.
Palavras-chave: PIBID, respiração celular, seleção de conteúdo, ciclo de raciocínio pedagógico.

RESUMO RIO VERDE ( BETO E JANAINA)


Vídeos caseiros como Opção de trabalho Didático para Alunos do Ensino Médio
Autores: ALBUQUERQUE,Carlos H.;
 FREITAS, Janaína L.


Este trabalho é o relato de uma experiência didática que se deu  no âmbito do PIBID Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS, cujo  principio norteador é a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, considerando a prática docente a partir da base de conhecimento para o ensino e do  processo de raciocínio pedagógico descritos por Shulman (1986,1987). Reflexões sobre o comportamento dos alunos dos 1os anos do Ensino Médio em uma das escolas participantes,  identificaram a problemática do uso de celulares nos ambientes de ensino. Procurando agregar o interesse dos alunos pelos aparelhos eletrônicos ao  conteúdo programático de Biologia, foi proposto para os alunos um trabalho,   no qual seriam utilizados os aparelhos celulares ou outros recursos tecnológicos.  Métodos: A atividade consistiu na produção de um vídeo caseiro, por equipes de alunos, no qual  os alunos relacionassem as substâncias orgânicas/inorgânicas (proteínas, lipídios, carboidratos etc.) aos  alimentos que eles consomem e a suas funções  biológicas. Os bolsistas do PIBID estiveram à disposição dos alunos, no período contrário ao de aulas, na própria escola, para orientar a elaboração do trabalho. Os vídeos produzidos seriam apresentados em sala de aula. . O trabalho foi proposto para nove turmas. Discussão: Percebeu-se que os alunos realizaram o trabalho quase às vésperas da data que havia sido definida para a apresentação. Nenhuma das equipes de alunos procurou os bolsistas para a orientação do trabalho ao longo do período  que foi estabelecido. No dia da apresentação, quase todas as equipes apresentaram os vídeos. Embora muitos trabalhos tenham evidenciado que os alunos foram capazes de apresentar o conteúdo de forma correta, percebeu-se, nas suas produções, a marca do improviso e não de algo que havia sido planejado, como era a proposta inicial. A causa atribuída a isso foi o acúmulo de atividades escolares que os alunos tiveram no mesmo período (festas, campanha de coleta seletiva, gincana) e que não estavam planejadas no calendário escolar. Conclusão: Concluiu-se  que este tipo de interação com a tecnologia  é positiva, pois pôde-se perceber a sua potencialidade para despertar o interesse dos alunos e para expressar, com o uso de outras linguagens, as suas aprendizagens. No entanto, o que ficou evidente também é o quanto a dinâmica da escola interfere nos ritmos e possibilidades de aprendizagem dos alunos. Embora as atividades extra-curriculares estejam fundamentadas em princípio educativos, elas acabam, algumas vezes, desconsiderando as dinâmicas de ensino e aprendizagem, que ficam subordinadas a tais atividades. Parece faltar, no coletivo escolar, um fórum que seja capaz de, coletivamente, equacionar as atividades curriculares e as extra-curriculares, de modo que os alunos possam aproveitar ambas com qualidade.

RESUMO RIO VERDE ( JÉSSICA, JÚLIA, JULIANA)


PORQUE É TÃO DIFÍCIL ENSINAR METABOLISMO CELULAR?

Autores: PALMA, Jéssica B.; COSTA, Júlia S.; TAVARES, Juliana A.
Orientador (a): CAMARGO, Cristiane C.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes
Palavra-chave: Respiração celular; PIBID; ciclo raciocínio pedagógico;

Trata-se do relato de uma experiência didática no contexto do PIBID de Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS - campus Inconfidentes, realizada nos meses de julho e agosto de 2012 em uma das escolas participantes.  O projeto tem como princípio norteador a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, considerando a prática docente a partir do processo de raciocínio pedagógico e da base de conhecimento para o ensino, descritos por Shulman (1986; 1987) e a reflexão como orientação conceitual (Mizukami, 2002). O planejamento da experiência deu-se a partir da necessidade da supervisora de ajuda para o estudo do conteúdo sobre respiração celular no Ensino Médio, bem como para a seleção dos aspectos mais importantes a serem trabalhados e da abordagem didática. O principal objetivo da intervenção era que os alunos compreendessem o processo de respiração celular em uma visão global e relacionando-o com os processos fisiológicos da alimentação e das trocas gasosas. A intervenção junto aos alunos foi dividida em três partes. A primeira consistiu em uma "corrida de saco" seguida de uma discussão, cujo propósito foi relacionar o aumento da frequência respiratória em uma atividade física com o gasto de energia e a necessidade de sua obtenção através dos alimentos. A segunda foi uma aula expositiva  dialogada, na qual explicamos os principais aspectos das etapas da  respiração celular, fazendo analogias e relacionando com a realidade dos alunos. Por fim, a terceira atividade consistiu em uma verificação de aprendizagem, na qual os alunos também foram divididos em grupos e  responderam a um questionário elaborado pelos bolsistas a partir das atividades anteriores.  Na reflexão sobre estas intervenções, evidenciou-se a centralidade, no processo de raciocínio pedagógico, da transformação do conteúdo específico em conteúdo a ser aprendido e também a especificidade dos conteúdos escolares que, diferentemente dos conteúdos cotidianos, têm uma estrutura conceitual mais complexa. Embora o interesse dos alunos pelas atividades fosse grande, eles não criaram oportunidades de aprendizagem adequadas devido a: complexidade do conteúdo específico, falta de pré-requisitos dos alunos em outras disciplinas relacionadas ao conteúdo, falta de domínio do conteúdo específico pelos próprios bolsistas e a necessidade de uma interdisciplinaridade com as disciplinas Química e Física para uma compreensão mais ampla das relações entre os conceitos.

RESUMO RIO VERDE (ALESSANDRA, ANA PAULA)


“REFLEXÃO SOBRE UTILIZAÇÃO DE MODELO DIDÁTICO NA PRÁTICA DE ENSINO DE BIOLOGIA ABORDANDO O TEMA: DNA E RNA”
Autores: oLIVEIRA, Alessandra M.; CORREA, Ana Paula D.
Orientadora: CAMARGO, Cristiane C.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes.
Palavras-chave: metodologia de ensino de Biologia, DNA, RNA, analogia, PIBID.

Introdução. Este artigo trata do relato de uma experiência didática que se deu no contexto do PIBID Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes, que tem como principal objetivo a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, individuais e coletivos, a partir dos conceitos de base de conhecimento para o ensino e ciclo de raciocínio pedagógico de Shulman (1986; 1987) e da reflexão como orientação conceitual segundo Mizukami  et al (2002). Método. O planejamento da atividade se deu a partir de discussão sobre o porquê de o homem utilizar modelos para explicar o mundo a sua volta e que na comunidade científica também são produzidos modelos, articulados a teorias e evidências empíricas, fazendo as ligações entre as explicações científicas e o mundo fenomênico. Além disso, evidenciou-se, nas aulas sobre os ácidos nucleicos junto aos alunos do Ensino Médio, a necessidade de utilizar um material concreto e manipulável pelos alunos e que os auxiliasse a compreender os modelos científicos para estas substâncias. Em um segundo momento realizou-se um levantamento de possíveis materiais e atividades que tratassem do assunto. Optou-se pela confecção de um material utilizando EVA para representar os nucleotídeos e ácidos nucleicos. O material foi utilizado em sete turmas do primeiro ano do ensino médio. Os alunos foram divididos em quatro equipes, que receberam um roteiro-questionário, uma chapa metálica como suporte e uma caixinha contendo figuras em EVA colorido com imãs as quais representavam os componentes dos ácidos nucléicos (fosfato, pentose e base nitrogenada). O uso do material tinha por objetivo que os alunos pudessem conhecer a composição química dos ácidos nucléicos DNA e RNA e perceber através da simulação a natureza semiconservativa da duplicação da molécula de DNA.  Discussão: Os resultados preliminares da reflexão realizada por toda a equipe após a aplicação da atividade junto aos alunos apontou para dois conjuntos importantes de conclusões: a) nas potencialidades do modelo: ele contribui para que os alunos compreendam o modelo molecular do DNA e RNA e memorizem os componentes b) limitações: ele não é tridimensional e o modelo molecular científico é ele é limitado para simular os processos metabólicos que envolvem estas biomoléculas, portanto, essa atividade procurou fazer uma analogia entre um modelo com peças em EVA e os modelos moleculares de DNA e RNA e, como toda analogia no ensino, ela tem potencialidades e limitações que precisam ser consideradas em sua utilização. Considerações Finais: Ciente do nosso potencial no sentido de promover intervenções com práticas pedagógicas estruturadas de forma coletiva e reflexiva, acredita-se, na possibilidade de uma futura prática para esse tema, nas formas de representação do modelo molecular do DNA e RNA constituem conhecimento pedagógico do conteúdo e que este se desenvolve nas situações de prática, na medida em que o professor analisa como o aluno aprende a partir daquela representação e que por isso a etapa da reflexão é de extrema importância no ciclo de raciocínio pedagógico porque ela permite rever estas representações e aperfeiçoá-las.

RESUMO RIO VERDE (TAMIRES, MAIRA, JOSIANA,


AS EXPECTATIVAS DOS LICENCIANDOS SOBRE A PROFISSÃO DOCENTE A PARTIR DE SUA PARTICIPAÇÃO NO PIBID.

Tamires Camila Talamonte de OLIVEIRA (1)*
Maíra Caroline Defendi de OLIVEIRA (1)
Josiana Cristina RIBEIRO (1)
(Coordenadora) Dra. Cristiane Cordeiro de CAMARGO (1)

Eixo Temático: Desenvolvimentos Profissional Docente e Ética da Educação
Modalidade: Comunicação Oral
Tipo de Estudo: Relato de Experiência

O subprojeto PIBID – Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes oferece aos licenciando a experiência de vivenciar o ambiente escolar da rede pública de educação básica e tem como objetivo principal promover a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, tomando a prática docente a partir dos conceitos de base de conhecimento para o ensino e ciclo do raciocínio pedagógico (SHULMAN, 1986; 1987) e adotando a reflexão como orientação conceitual (MIZUKAMI ET AL, 2002). O projeto se divide em dois momentos, o primeiro de observação das aulas coletando informações e o segundo, ainda presente, desenvolvendo intervenções didáticas junto aos alunos das escolas participantes. Após as intervenções, os bolsistas, juntamente com a coordenadora e as supervisoras, passam por um processo de reflexão, analisando o que ocorreu, fazendo avaliações, tanto do ponto de vista dos aspectos didáticos quanto dos elementos contextuais (interesse dos alunos, condições de trabalho na escola, políticas educacionais.). Um dos temas que tem sido frequente nas discussões do grupo refere-se às potencialidades e limitações do projeto, no sentido de atrair os bolsistas para a docência e estimular a formação de professores; já que o PIBID objetiva uma maior procura por alunos que se interessem pela profissão docente. Este relato apresenta uma discussão sobre algumas das ideias que tem estado presentes nas reflexões do grupo sobre esta temática. A falta de interesse e desrespeito dos alunos, O preconceito da própria classe docente, os baixos salários e as péssimas condições de trabalho são alguns dos fatores que fazem os bolsistas questionarem a sua escolha em prosseguir na carreira docente, entretanto, alguns momentos superam esses fatores, como por exemplo, perceber que a melhor maneira de mudar o mundo se da pela mudança do sujeito, e esse processo se dá na escola por intermédio do professor.  E é nesse aspecto que estamos escrevendo esse trabalho, tentando responder alguns questionamentos e compartilhar algumas aflições pelos quais os bolsistas PIBID passam quando vivenciam essa experiência. A conclusão do grupo, provisoriamente, é que o projeto PIBID não é  suficiente para que os bolsistas desejem ser professores, mas lhes dá uma visão mais reflexiva e ampla sobre o fazer docente dentro da sociedade. É necessário que haja mudança nas expectativas profissionais para os professores, em termos de carreira, de remuneração e de o governo possibilite melhores condições de trabalho, para que a profissão docente seja atraente aos jovens.
Palavras-chave: PIBID, docência, profissão docente, formação de professores.

RESUMO "USP"


O que há na caixa preta?

Autores: MENDES, Camila V.; VERONEZ, Eleusa; PALMA, Jéssica B.; TAVARES, Juliana A.; OLIVEIRA, Alessandra M.; CORREA, Ana Paula D.; ALBUQUERQUE, Carlos H.; CAMARGO, Cristiane C.; FREITAS, Janaína L.; COSTA, Júlia S.; DEFENDI, Maíra C.; SATORNO, Miller; TALAMONTE, Tamires C.; CARMAZINI, Valéria

e-mail:camila_vm_@hotmail.com, leuveronez@hotmail.com

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes
Universidade de São Paulo.

Palavras-chave: ensino de Ciências, modelo atômico, analogia.

Trata-se de uma atividade de ensino que se deu no interior de um projeto que tem como princípio norteador a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos, considerando a prática docente a partir do processo de raciocínio pedagógico descrito por Shulman (1986; 1987). O planejamento da atividade deu-se a partir de: a) uma pesquisa realizada pelos bolsistas sobre materiais para o ensino de química para os alunos do 9° ano do Ensino Fundamental e b) demanda feita pela supervisora, que foi questionada por um aluno sobre como se estuda o átomo, uma vez que ele não é visível.
O objetivo da atividade era que os alunos compreendessem que o estudo do átomo é feito indiretamente e que o modelo atômico, assim como outros modelos nas Ciências Naturais, são construídos pelos cientistas para tentar explicar determinados fenômenos naturais. A atividade consistia no uso de uma analogia. Os alunos do 9º ano foram divididos em equipes, supervisionadas por alunos bolsistas. A cada equipe foi entregue uma caixa de sapatos contendo um objeto não visível e a tarefa de cada equipe consistia em identificá-lo sem abrir a caixa. Foi entregue a cada equipe uma folha em branco na qual a equipe deveria descrever o objeto e desenhá-lo. Como conclusão, seria feita uma analogia entre o que cada equipe havia feito e o trabalho dos cientistas ao estudar o átomo e propor modelos.
Como resultado, pôde-se perceber que os alunos não conseguiram relacionar a atividade com o conteúdo em questão (modelo atômico), pois ainda não haviam compreendido o modelo atômico e, em alguns casos, demonstraram não conhecer, minimamente, o conceito de átomo, apesar de já terem realizado uma pesquisa sobre o tema. A atividade, para eles, consistiu apenas em uma brincadeira.
Na reflexão sobre a atividade proposta, algumas conclusões foram apontadas pelos alunos-bolsistas, as quais configuram uma nova compreensão tanto do conteúdo específico, das relações entre os conceitos de modelo (na Ciência), átomo e modelo atômico, quanto das formas de ensiná-lo. Como atividade introdutória, ela não foi válida, pois sua compreensão (a do sentido da analogia) demanda conhecimentos prévios sobre átomo e sobre modelo atômico. Depois de entender, ainda que minimamente, os conceitos de átomo e de modelo atômico, os alunos, talvez, estivessem mais motivados (e curiosos) para compreender como é possível estudar os átomos e conceber modelos atômicos. Além disso, o próprio conceito de modelo (em Ciências) deveria ser abordado com os alunos previamente a essa atividade – ou fazê-lo a partir dela - para que pudessem compreender que a Ciência constrói modelos, que são uma tentativa de aproximação da realidade. Uma conclusão importante foi a de que a atividade prática, por si só, não cria melhores condições de aprendizagem, embora aumente o envolvimento/motivação dos alunos. Essa experiência demonstrou como, embora o interesse dos alunos pela atividade fosse grande, ela não tenha criado oportunidades de aprendizagem adequadas, por não haver sido levado em consideração, durante o planejamento, os conhecimentos prévios e pré-disposições dos alunos com relação ao conteúdo específico que seria trabalhado.

Bibliografia
SHULMAN, L.S. Those who understands: knowledge growth in teaching. Educational Researcher, v. 17, n. 1, p. 4-14, 1986.
____________. Knowledge and teaching: foundations of a new reform. Harvard Educational Review, v. 57, n. 1,  p. 1-22, 1987.

ARTIGO UNICAMP


Aprendendo a ser professor/a por meio de processos reflexivos.
Palavras chave - Reflexão, docência, experiência.

Introdução
O subprojeto do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - campus Inconfidentes toma como eixo central o papel da reflexão no processo de formação docente. Isso significa que, para além da oportunidade que o projeto oferece aos licenciandos de que experienciem o ambiente escolar e desenvolvam atividades de ensino junto aos alunos da rede pública de educação básica, busca-se desenvolver entre a equipe (coordenadora, supervisores e licenciandos) uma comunidade de aprendizagem na qual se promovam processos de reflexão que criem oportunidade para a explicitação e compartilhamento de conhecimentos e concepções sobre a docência. Parte-se do pressuposto de que a dimensão prática do fazer docente, quando considerada de modo estanque, contribui apenas para a cristalização de concepções e de preconceitos, não permitindo uma aprendizagem da docência que tome a escola e tudo o que nela ocorre como um cenário no qual múltiplos fatores relacionam-se de complexa. Com o objetivo de promover tais processos reflexivos, foram escolhidas duas ferramentas reflexivas: o registro escrito (individual) em diário reflexivo e reuniões coletivas de todo o grupo (coordenadora, supervisoras e  licenciandos) para planejamento de e discussão sobre as atividades realizadas. Tais reuniões são conduzidas com o objetivo de promover processos reflexivos que tomem a prática docente como objeto de crítica permanente. Pretende-se, assim, desenvolver nos licenciandos uma ampliação de sua capacidade de análise crítica do fazer docente, superando as explicações óbvias e as relações do senso comum que tanto têm prevalecido nas análises sobre a qualidade da educação brasileira nos sistemas públicos de ensino. 
            No contexto do subprojeto tem se desenvolvido uma pesquisa que tem como objetivo verificar as potencialidades e limitações das ferramentas reflexivas na formação inicial no contexto do PIBID como programa de formação docente.
Objetivo
O objetivo da pesquisa aqui relatada é o de identificar potencialidades e limitações no uso dos diários reflexivos para a aprendizagem da docência.

Metodologia
Os dados foram coletados dos diários reflexivos dos licenciandos e das suas participações nas reuniões coletivas semanais. A análise, ainda em nível inicial, é de cunho qualitativo e, neste primeiro momento, buscou identificar: a) elementos a partir dos quais se possa descrever as aprendizagens dos licenciandos a partir dos instrumentos de reflexão e b) dificuldades e limitações no uso destes instrumentos explicitadas pelos licenciandos.
Fundamentação teórica
A perspectiva sobre a formação docente que este projeto adota coaduna-se ao paradigma da racionalidade prática, tal como este é descrito por Mizukami  et al.  (2002).
Nesta abordagem, a formação docente é entendida como um processo contínuo que se dá ao longo da vida do professor   e não em momentos estanques de formação (KNOWLES e COLE, 1994). Ao longo do continnum que é o seu processo formativo, o professor produz os conhecimentos que orientam a sua prática, configurando um quadro de teorias pessoais  sobre o ensino. Assim, o professor é compreendido como sujeito de conhecimento e não como simples executor de ações planejadas e definidas em esferas exteriores a ele. No entanto, a natureza dos conhecimentos que o professor coloca em ação na sua prática cotidiana é distinta da natureza dos conhecimentos científicos. O que não significa que, na elaboração de seus conhecimentos, o professor não lance mão dos conhecimentos teóricos que possua. Significa apenas que, ao tomar decisões na escola, o professor não aplica automaticamente os princípios que apreende da teoria, mas elabora novos conhecimentos, carregados das particularidades pessoais e contextuais.
No continuum de seu desenvolvimento profissional, o professor estabelece relações (nexos) entre experiências de vida, valores, aprendizagens formais e informais, objetivos profissionais etc. O processo de reflexão é entendido como aquele capaz de promover o estabelecimento destas relações e de aumentar o nível de consciência do professor sobre as suas teorias pessoais de ensino.  A reflexão na prática docente pode ser definida, segundo citação de Mizukami  et al.  (2002),  como:
[  ]uma ação que implica uma consideração ativa, persistente e cuidadosa daquilo em que se acredita ou que se pratica, à luz dos motivos que o justificam e das consequências a que conduz. (Zeichener, 1993, p.18)
            Importante é ressaltar que existem distintos níveis de reflexão, desde o técnico até o crítico, este último entendido como aquele que é capaz de promover a análise ética e política da própria prática (MIZUKAMI  et al., 2002).
Diversos têm sido os instrumentos que a literatura e a prática formativa docente têm adotado no sentido de fomentar processos reflexivos nos docentes em formação, tais como os casos de ensino, os diários reflexivos, as biografias, as histórias de vida, os portfólios (CUNHA, 1997; FALKEMBACH, 1987; KNOWLES, COLE, PRESSWOOD, 1994; MIZUKAMI, 2000; ZABALZA, 1994). Todos estes instrumentos privilegiam o uso de narrativas, sobretudo escritas, que podem ser entendidas como a maneira mais autêntica de expressão das experiências humanas (CLANDININ, CONNELLY, 2006). O fato de se dar ênfase à expressão escrita dos docentes nestes instrumentos refere-se à possibilidade que a escrita oferece para a reorganização de ideias e de sentimentos (CUNHA, 1997).
Autores têm apontado a necessidade de que os processos reflexivos na formação docente sejam coletivos, incentivando o estabelecimento de comunidades de aprendizagem nas quais o desenvolvimento docente é potencializado pelas trocas entre pares (MIZUKAMI  et al., 2002)
Considerações finais
            Os resultados, ainda preliminares, apontam para dois conjuntos importantes de conclusões.
            O primeiro deles corrobora a tese de que os instrumentos reflexivos potencializam a produção de sentidos e a construção de significados para a prática docente. É possível identificar a partir dos instrumentos reflexivos, que os licenciandos vão ampliando sua compreensão sobre os aspectos que interferem na aprendizagem escolar dos alunos, desde aqueles relativos às motivações intrínsecas para estar na escola até as condições mais amplas delineadas pelas políticas públicas. Alguns trechos extraídos dos diários reflexivos podem ilustrar essa afirmação.
“a partir do momento que comecei a observar também o comportamento dos alunos, veio uma análise de como eu me comportava na escola quando era aluno de ensino médio, na verdade o perfil de pesquisar e procurar informações além da sala nunca foi meu forte, esse é o comportamento típico de aluno mesmo, mas hoje fico pensando muito em como mudar essa situação” (Carlos, diário reflexivo)
“temos que deixar claro qual é o nosso OBJETVO na sua (da atividade de ensino) realização, além disso, o professor tem que despertar no aluno o desejo por aprender; já que este desejo não vem pronto e sim o professor busca maneiras de fazer com que o aluno realmente adquira esse interesse” (Maíra, diário reflexivo)
“Depois que fizemos a atividade fiquei pensando em como é difícil montar uma atividade e ainda ter o domínio da turma e cheguei a ponto de pensar que isso seja um dos motivos desestimulantes da carreira de docente, é muito trabalhoso, sacrificado e muitas vezes não é valorizado.” (Jéssica, diário reflexivo)
“percebemos que o problema não era apenas por parte dos alunos, era também a falta de organização e, o que é mais importante, o interesse e o prazer de dar aula.” (Miller, diário reflexivo)
“é necessário  que haja uma conscientização do papel da escola  na divisão social.” (Tamires, diário reflexivo)
“Nos direcionamos para a sala de aula e um dos alunos me disse ‘- Você é a única que chega com um sorriso no rosto’ E realmente parece que não há muita simpatia durante as aulas. Uma relação de harmonia entre alunos e professores parece que deixa a aula mais agradável e menos mecânica.” (Rovânia, diário reflexivo)
           
            Estes tipos de dados, no entanto, ainda necessitam de uma análise mais criteriosa, a partir, por exemplo, das categorias de conhecimento da base de conhecimento para o ensino (SHULMAN, 1986), a fim de se verificar as potencialidades das ferramentas reflexivas para promover a ampliação desta base.           Outro conjunto de dados remete a algumas limitações quanto ao uso de diários reflexivos pelos licenciandos. Tais limitações referem-se às dificuldades que os licenciandos apresentam no uso do diário reflexivo como instrumento para reflexão. Os registros nos diários, algumas vezes, atêm-se a aspectos menos subjetivos, como a descrição dos eventos nos quais os bolsistas participarem como agentes ou como observadores. Apesar de reconhecer que mesmo este tipo de registro não deixa de ter a sua dimensão subjetiva, o que se está pretendendo destacar aqui são aqueles tipos de registros que mais se aproximam de um relatório de tarefas e de observações do que propriamente de diários reflexivos. Outros registros são superficiais, próprios de quem escreve com pressa ou com maior distanciamento temporal dos eventos aos quais os registros se referem. Tais dificuldades puderam ser explicadas no contexto do projeto pelos seguintes fatores: a) pouca familiaridade dos licenciandos com os registros pessoais escritos; b) necessidade de disciplinar-se e de distribuir o tempo dedicado ao projeto de modo a contemplar a escrita dos diários; c) dificuldade dos licenciandos em realizar registros escritos durante as atividades do projeto. Resta saber se a experiência com este instrumento será capaz de superar, e em que medida, tais dificuldades.
Referências bibliográficas
MIZUKAMI, M.G.N.  et alEscola e aprendizagem da docência: processos de investigação e formação. São Carlos: EDUFSCAR, 2002.
KNOWLES, J.G.;COLE, A.L.; PRESSWOOD, C.S. (1994) Throug preservice teacher´s eyes: experiences through narrative and inquiry. New York: MacMillan College Publishing Co.

ARTIGO UNICAMP


Aprendendo sobre a composição química da célula em rótulos de alimentos.
Palavras chave - nutrientes, substâncias orgânicas, composição química da célula.
Introdução

O PIBID – Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS – campus Inconfidentes tem como objetivo central promover a aprendizagem da docência por meio de processos reflexivos. Este trabalho relata uma das experiências pedagógicas desenvolvidas no âmbito do programa, a partir dos resultados sistematizados em diários reflexivos dos alunos bolsistas e em reuniões entre os participantes. 
O contexto desta experiência inicia-se a partir das primeiras participações dos licenciandos como observadores das aulas nas primeiras séries do Ensino Médio em uma das escolas participantes do projeto levaram-nos à conclusão de que o assunto que estava sendo tratado – a composição química das células vivas -  era um conteúdo de difícil compreensão para os alunos, em função de exigir deles um elevado nível de abstração, uma vez que se refere ao nível molecular da matéria. Com o desafio de tentar articular este conteúdo a conhecimentos que já estivessem ao alcance da compreensão dos alunos, os licenciandos procuraram desenvolver uma atividade de ensino a partir dos alimentos presentes na dieta destes alunos e nas funções fisiológicas relacionadas aos seus principais nutrientes. Termos como “proteínas”, “carboidratos/açúcares” e “gorduras” estão presentes no senso comum e têm sido objeto frequente nos meios de comunicação, sobretudo em se tratando de uma geração com hábitos alimentares considerados não saudáveis e preocupada com a questão da estética corporal.
Este trabalho apresenta o relato desta atividade de ensino, entendida como uma alternativa metodológica para promover a compreensão dos alunos sobre as substâncias orgânicas presentes na célula e suas funções articulando tais conhecimentos aos conhecimentos cotidianos dos alunos sobre alimentos e sua composição nutricional.  
Referencial teórico
A pesquisa sobre o  ensino de Ciências revelou a importância que têm no processo de aprendizagem as concepções prévias que os alunos trazem à escola sobre os fenômenos da natureza (GILBERT, J.K.; WATTS, B.M., 1983; DRIVER, R., 1989; SANTOS, M.E.V.M., 1991; MORTMER, E.F., 1992; COBERN, W.W., 1996). Tais conhecimentos são construídos a partir de sua relação espontânea com tais fenômenos e, sobretudo, das aprendizagens oriundas das suas relações sociais com familiares e amigos. Muitas vezes, tais conhecimentos estão em desacordo com os conhecimentos construídos pela Ciência e, consequentemente, com os conhecimentos escolares. Pesquisas revelaram que os conhecimentos prévios podem se constituir em verdadeiros obstáculos para a aprendizagem escolar e, muitas vezes, permanecem pouco modificados após o ensino. Ao mesmo tempo, defende-se que a aprendizagem escolar pode partir destas concepções, a fim de re-significá-las em novas redes de conhecimentos. Por isso,  a literatura sobre o ensino de Ciências enfatiza a importância de conhecer e considerar tais conhecimentos prévios durante o processo de ensino. A aula expositivo-dialogada mostra-se como uma alternativa metodológica adequada quando se pretende identificar tais conhecimentos e estimular a aprendizagem escolar em diálogo com tais conhecimentos (AEBLI, 1982; LORENCINI-JÚNIOR, 1994). A aula expositivo-dialogada consiste em um processo de exposição do conteúdo pelo professor intermeado de  questões que são dirigidas aos alunos com os objetivos de a) verificar quais são os sentidos e significados que estão sendo por eles construídos; b) identificar concepções espontâneas e c) estimular as relações de pensamento que a estrutura interno do conteúdo requer ou as relações deste com aspectos que se considerem importantes (como outros conhecimentos ou com valores e atitudes, por exemplo).
Objetivos
Os objetivos desta atividade foram:
a) que os alunos conhecessem a composição nutricional de alimentos comumente presentes em sua dieta em termos de proteínas, lipídios e carboidratos;
b) que os alunos relacionassem estes nutrientes às funções que eles têm dentro das células vivas.

Metodologia
A metodologia proposta para a atividade de ensino foi uma aula expositivo-dialogada a partir da leitura de tabelas nutricionais presentes em rótulos de alimentos comumente encontrados na dieta dos alunos. Como recursos de apoio foram utilizadas imagens projetadas em projetor multimídia. A atividade foi planejada considerando quatro etapas:
1-             Contextualização da atividade na unidade didática em estudo (composição química da célula);
2-             relembrando o processo de digestão e absorção dos nutrientes;
3-             aprendendo a ler tabelas nutricionais;
4-             relacionando funções biológicas das substâncias orgânicas com tipos de alimentos.

Iniciou-se contextualizando com os alunos sobre o conteúdo que estava sendo abordado com eles, que era composição química das células, substâncias orgânicas e inorgânicas. Foi explicado que estas substâncias estão presentes também nas nossas células e os questionamos sobre como essas substâncias chegam até as nossas células, ao que alguns alunos responderam que é através da nossa alimentação. A partir daí, foi apresentada uma breve explicação sobre o processo de digestão dos alimentos, com o objetivo de que eles compreendessem como, a partir dos alimentos, as substâncias orgânicas são transportadas para dentro das nossas células. Essa apresentação foi feita com o recurso a um vídeo que ilustrava todo o processo de digestão dos alimentos, mostrando todo o processo até as moléculas serem absorvidas pelo sangue e levadas para dentro das nossas células.
Na terceira etapa, foram distribuídos de forma aleatória e para grupos de dois alunos rótulos de embalagens de alimentos variados escolhidos pelos bolsistas, levando em conta a necessidade de que houvesse alimentos com proporções diferentes de carboidratos, lipídios e proteínas. Para uma melhor assimilação da atividade, identificou-se que seria importante a projeção de uma tabela nutricional em slide, para ensinar os alunos a lerem as tabelas que tinham em mãos. Explicaram-se termos como quantidade por porção, VDR etc.
Após a explicação sobre a leitura das tabelas nutricionais, os alunos foram estimulados, por meio de perguntas, a pensar sobre “quais tipos de alimentos nós podemos relacionar com altos níveis de caloria, com alimentos energéticos, que ‘engordam’?”, “o que estes alimentos têm, em termos de composição nutricional, em comum?”, “o que faz com que eles sejam alimentos calóricos, que ‘engordam’?”.
A partir destas questões, estimulou-se os alunos a tentarem relacionar a composição química dos alimentos ao fato de eles serem considerados “calóricos”. Essas perguntas levaram os alunos a identificarem os altos índices de carboidratos e de lipídios nestes tipos de alimentos, a partir do que foi possível comentar com os alunos a função energética que essas substâncias orgânicas têm dentro das células.
Usando rótulos de embalagens ricas em proteínas (como embalagens de ovos, suplementos alimentares),  foi indicada a alta quantidade de aminoácidos presentes nestas embalagens. A partir das questões “o que será que essa quantidade de aminoácidos tem a ver com o efeito que esses suplementos têm sobre o corpo?”, “qual o resultado que os atletas esperam da ingestão desses suplementos?”, pôde-se explorar a função das proteínas como substâncias plásticas, ou seja, aquelas que formam estruturas nas nossas células, como por exemplo as fibras musculares.  
Para finalizar a atividade, solicitou-se aos alunos que comparassem as composições relativas de carboidratos/proteínas em alimentos de origem animal e vegetal. Eles puderam perceber que os alimentos de origem vegetal têm uma relação carboidratos/proteínas maior que os alimentos de origem animal. A partir dessa verificação, foi explicado a eles que isso decorre do fato de os vegetais terem grande quantidade de celulose (carboidrato presente em suas paredes celulares), substância orgânica que não existe nas células animais.

Considerações finais
No desenvolvimento desta atividade, pôde-se perceber que a receptividade dos alunos não depende apenas do tipo de atividade que é proposta. Em algumas salas que eram consideradas “difíceis” em questão de comportamento dos alunos, estes se mostraram bem interessados pela atividade. Foi relatado pelos bolsistas que até mesmo alunos que eram taxados como “bagunceiros” , foram atraídos e bem participativos na atividade,  fazendo perguntas. No entanto, em outras, houve grupos de alunos que não se sentiram motivados a participar.
O fato de haver salas numerosas trouxe certa dificuldade para a atividade. Alguns alunos ainda se mostraram dispersos e não demonstraram interesse pelo conteúdo. A falta de conhecimentos básicos sobre o conteúdo demonstrada por alguns alunos durante a atividade obrigou-nos a elaborar, ainda que improvisadamente, explicações mais simples e de mais fácil assimilação do que a proposta.
A atividade, de modo geral,  despertou questões e afirmações variadas nos alunos como “mas como o macarrão engorda se ele é salgado?”,”nós temos açúcar armazenado no nosso corpo?”,”as sementes de soja são uma reserva de energia?”. Essas questões confirmam o envolvimento dos alunos com a atividade, indicando sua potencialidade para o estabelecimento de relações entre os  conhecimentos cotidianos e os escolares.
Com relação à função das proteínas os alunos precisaram de uma explicação maior sobre a substância e sua função. Além do recurso aos conhecimentos que eles têm sobre uso de suplementos alimentares por atletas, exploraram-se também seus conhecimentos sobre consequências da carência de proteínas em dieta no desenvolvimento físico de crianças.  
Após a atividade, vários alunos relataram que queriam mais aulas deste tipo, isso mostra que trazer um conteúdo de uma forma diferente a que eles estão acostumados pode ter uma repercussão positiva.
Na discussão feita pelo grupo após a realização da atividade, comentou-se que, em outra oportunidade, seria mais adequado solicitar aos alunos que trouxessem os rótulos de seus interesses, tentando assim já prepará-los para a atividade antes de aplicar. Outra sugestão dada foi a de enfatizar mais as discussões com os alunos, tentando estabelecer com eles mais relações sobre as substâncias que estão presentes na célula e os hábitos alimentares cotidianos deles. Essa experiência assinalou que a aula expositivo-dialogada, embora seja uma estratégia que possibilita melhores níveis de aprendizagem, é mais difícil de ser preparada e de ser conduzida e requer muito planejamento e estudo por parte do professor.
Ainda sobre isso, pôde-se perceber a necessidade de estar preparado para perguntas que não estão diretamente ligadas ao tópico de conteúdo em questão (substâncias orgânicas e suas funções). Ao definir a atividade, foi elencado um conjunto de questões que, no entendimento do grupo, poderiam ser levantadas pelos alunos tais como “o que é glúten?”, “o que são gorduras trans?”, “o que são os anabolizantes e quais os riscos de seu uso?” etc. No entanto, o repertório de dúvidas dos alunos foi além do que havia sido previsto pelo grupo. Tratar sobre alimentos, corpo, saúde e estética estimula e cria oportunidades a que os alunos expressem as suas dúvidas e, portanto, para desenvolver este tipo de atividade é necessário ter grande domínio do conteúdo e de conhecimentos de áreas correlatas.
Por fim, é importante ressaltar que, embora a atividade tenha possibilitado a construção de significados sobre substâncias orgânicas e suas funções biológicas, ela permitiu abordar apenas parte deste conteúdo. Outras substâncias orgânicas, tais como ácidos nucleicos, que também estão presentes nos alimentos, não foram exploradas; além disso, certas funções biológicas das substâncias orgânicas não foram tratadas, como a função enzimática das proteínas.
Referências bibliográficas
AEBLI, H. Prática de Ensino. São Paulo: EDUSP, 1982.
COBERN, W.W. Worldview theory and conceptual change in science education. Science Education, v.  80, n. 5, p.  579-610, 1996.
DRIVER, R. Student´s conceptions and learning of science. International Journal of Science Education, v. 11, n. 5, p. 481-490, 1989. 
GILBERT, J.K.; WATTS, B.M. Concepts, misconceptions and alternative conceptions. Studies in Science Education, n. 10, 1983.
LORENCINI-JÚNIOR, A. O ensino de Ciências e a formulação de perguntas e respostas em sala de aula. In.: Cadernos de texto da 3ª jornada de Verão. Serra Negra: FEUSP, 1994. Mimeo.
MORTMER, E.F. Pressupostos epistemológicos para uma metodologia de ensino de química: mudança conceitual e perfil epistemológico. Química Nova, v. 15, n. 3, p. 242-249, 1992.
SANTOS, M.E.V.M. dos. Mudança conceptual na sala de aula - um desafio pedagógico. Lisboa: Livros Horizonte, 1991.